sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Aqui


Imagine, então que tudo começa pelo começo querendo saltar aos olhos da vida, querendo viver antes de morrer… posto isto…

Era uma vez alguém! Parecia que vivia aqui e ali, sussurrando nas beiras do mundo, misturando-se com as bermas da estrada. Mas, qual nada! Vivia mesmo era aqui, entre as coisas que só o espírito em sossego pode contemplar. E queria ser algo mais, cada vez mais, cada dia mais. E sonhava que a vida podia oferecer aquele mais, aquela coisa poética que surge de entre nadas gerais, que se singulariza quando a vida é vida, quando o sangue corre nas veias como não corre em lado nenhum para além deste.

Então, “vice-versou “ as coisas do mundo e lá estavam as bermas da estrada misturando-se consigo, com suas ideias que nascem, que escorrem, que correm… é isso! As coisas correm como segundos, como primeiros também… e sai daí um texto, uma luz, até mesmo uma vida entre as vidas todas. Publicitamos quereres, desgastamos palavras, soletramos pensamentos e desejos que não saem dos escombros de mentes atribuladas em meio às horas que passam sem que muitos de nós saibamos captar aquilo que realmente faz-se aqui.

Aqui somos algo que quer estar em outra parte… aqui fazem-se estradas tão grandes que, de olhos abertos, não seriamos capazes de percorrer. Aqui soletramos aquilo que, antes, já foi escrito. E somos ideias quaisquer de coisas transcendentais. Aqui estamos destinados a aprender “sabedorias” destas que jogamos pela janela, como se “lixo” fosse para se colocar fora do contentor.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Se Escrevesse





Quero escrever algo que não seja apenas meu…

que seja do mundo, de todas as coisas,

de toda gente.

Quero, sim, escrever algo que te toque,

que desperte este mim que existe em ti, que existe em todos…

que faça crescer este tu que existe em mim.

Queria escrever todas as almas e com todas elas sufocar as dores,

retracta-las e cura-las,

ser uma pessoa em todas, uma alma universal.

Se pudesse ser este mundo todo

sei que sentiria algo tão pleno,

que seria tão invulgar e alcançaria todas as mentes…

escreveria algo que se guardasse para todas as gerações

e vidas e eternidades.

Sei que não falo de algo banal. Falo de ser um mundo.



Pudesse eu escrever este algo

que não pertencesse apenas a mim

e tudo seria bem mais tranquilo, diminuiriam os meus desejos…



E quando escrevesse… não iria gritar que consegui!

Silenciaria minhas coisas, acalmaria o peito e

fecharia os olhos em jeito de quem se despede para todo o sempre…

alcançaria toda a luz existente para saborear este ser…



E quando escrevesse

viveria uma eternidade neste silêncio

em jeito de prece a todos os espíritos de Luz maior…



E quando escrevesse…

AH!!!! Quando escrevesse nasceria de novo!





Quero escrever algo que não seja apenas meu…

que seja do mundo, de todas as coisas,

de toda gente.

Quero, sim, escrever algo que te toque,

que desperte este mim que existe em ti, que existe em todos…

que faça crescer este tu que existe em mim.

Queria escrever todas as almas e com todas elas sufocar as dores,

retracta-las e cura-las,

ser uma pessoa em todas, uma alma universal.

Se pudesse ser este mundo todo

sei que sentiria algo tão pleno,

que seria tão invulgar e alcançaria todas as mentes…

escreveria algo que se guardasse para todas as gerações

e vidas e eternidades.

Sei que não falo de algo banal. Falo de ser um mundo.



Pudesse eu escrever este algo

que não pertencesse apenas a mim

e tudo seria bem mais tranquilo, diminuiriam os meus desejos…



E quando escrevesse… não iria gritar que consegui!

Silenciaria minhas coisas, acalmaria o peito e

fecharia os olhos em jeito de quem se despede para todo o sempre…

alcançaria toda a luz existente para saborear este ser…



E quando escrevesse

viveria uma eternidade neste silêncio

em jeito de prece a todos os espíritos de Luz maior…



E quando escrevesse…

AH!!!! Quando escrevesse nasceria de novo!

Parece...




Parece que o dia parou…

Que as estrelas romperam a tarde em tom de virgindade,

querendo ser donas de tudo, senhoras de cada segundo…

parece que hoje o mundo flutuou aos meus pés, que a vida toda passou a ser somente minha.



É que esteve aqui o meu amor,

estiveram aqui os beijos que jurei serem meus



Ainda tenho os olhos rasos de lágrimas,

estas lágrimas que parecem perpetuar-se em mim.



Sei que não mais voltarás

Que tudo não passou de sonho

Que amanhã não serás meu…

Sei! Como se vida de mim zombasse!

Venho denunciar um canto
que todas as madrugadas me vem buscar
em nome do eterno!

Letra


Eu tenho um texto. Parece uma letra. Mas não daria uma música. Está nua de rimas. Podia ser um poema, então. Mas queria que fosse um soneto. Então deixo tudo de lado para escrever outras coisas. Coisas que não combinam, coisas coloridas como as crianças. Falando em crianças… fui pequena, numa noite dessas que passam sem que nos damos conta. Ela contou-me uma história que jamais esquecerei. Tinha luas e estrelas que não consegui contar, conhecia poucos números nessa noite. Misturava as cores e desconhecia palavras que pudessem ajudar-me a escrever agora. Mas tinha uma luz que circulava por entre as coisas… como se existissem vidas dentro da vida, como se ela contasse vidas coloridas. Foi então que acordei para ser mulher. Acordei com esta pele, com este aroma também. Não renasci, estas coisas não acontecem em noites assim. Apenas acordei. As dores não estavam curadas mas passaram a ser suportáveis… o nariz arrebitou ainda mais. E o ventre? Pari! Passei a saber que sabor tem a existência da vida, a essência do verdadeiro amor.

Voltando! Fui criança… foi assim que ganhei milhares de luas, sem saber quanto é um milhar, mas acreditando que posso conhecer o tamanho da lua e, mesmo assim, toca-la com os dedos. Eram luas amarelas, brancas, vermelhas, castanhas… luas de todas as cores, cores que só as crianças conhecem em forma de lua. Fui astronauta aos milhares, ganhando o céu para carregar no ventre, ganhando palavras que agora não sei utilizar mas que, um dia, saberei ensinar.

morro eu de amor

tenho entrelinhas que não penso em ignorar pois, amanheço com elas grudadas nos olhos, na boca e até mesmo na pele inteira.parecem retalhos bem rotos, mas quando tento toca-los transformam-se na minha própria carne.sempre que tento denuncia-las a lua para que as leve daqui, tenho dores que não sei explicar.... e vejo aquele teu sorriso que acompanha minhas sensações...não tenho muitas frases guardadas no peito para dizer, não possuo flores para oferecer, mal encontro estrelas para desenhar no céu e chamar-te para ver da janela, seria capaz de vagar toda nua pela noite dentro, coberta pelo seu manto, simplesmente para aparecer em frente à tua porta... não encontro o violão desde que partiste e a voz é um nó na garganta, meu amor, mas se fecho os olhos, consigo escutar a serenata que meu peito dedica ao teu e nem se importa se a lua veio ou não espreitar.queria tanto ter poemas e dedicar-te todas elas.como queria ser poetisa e ajoelhar-me a teus pés declamando os sentimentos!sei que vens, por algum motivo...mas, não ficas e morro eu de saudade, morro eu de amor.quem dera não ter essa morte.quem dera seres meu...

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O POETA

O poeta brinca comigo na página,
sublinha o arco-íris do meu lápis de cor ,
o poeta não boceja,
acorda de mansinho com o ronronar do gatinho.

Tenho um poeta...
Ele puxa um cordel
levantando o vôo das coisas que constrói!
Tenho um poeta
com chapéu de palhaço  e flor na lapela...
e poema, e sussurro
também rima!

Quando crescer
não vou querer ser poeta...
vou é ser lua para escutar todas as vozes,
para imaginar como é o sol da lua...
não a lua do céu da boca...
não a lua que tocamos!

Quando crescer
quero voltar a ser criança nos sonhos,
continuar a ser criança na alma e correr
e saltar e tudo poder fazer,
com gosto de poesia...
 Anete Carvalho

DECLARAÇÃO DE AMOR


Amo-te em desespero
para que o mundo acabe… para que não mais te veja ou toque…
Não resulta. Nunca resultou…
Aprisiono-me em nome de todas as coisas, em nome
deste bom senso ou coisa alguma…
Que importam as coisas quando posso ser poetisa,
quando posso amar tua pele entre estas lágrimas que matam?
Amo-te enlouquecida para poder ser tua lua… para poder ganhar um pedacinho
deste teu peito em aconchego…
Não! Em vão não amo…
Não podem os deuses deixar que tal amor fique em pune…
Não posso morrer sem ser tua lua, a metade de tudo quanto sejas tu…
Esmago tantos peitos… amarelo tantas folhas… finjo tantos amores…
Não que queira fingi-los.
Parece que te escondes dentro da alma, por entre o sangue,
nas entrelinhas da pele
ressurgindo quando pretendo gritar ao mundo que cativa não sou.
Pareces querer ser meu, aqui na imaginação, mas sei que doer custa-me a vida,
como sei que beijar teus lábios é recupera-la.
Porque é que voltas? Porque motivo inundas meus lençóis?
De que céu desces?
Pareces carregar todo o meu destino, todas as lágrimas e sorrisos e perco…
perco as forças, o compasso,
perco-me nestas sensações, neste querer sem medidas…
Rasgo o peito e choro…
choro por querer que fiques, choro por pedir que não venhas, choro
porque te vais embora… por não seres meu!
Que posso eu pedir? Que súplicas serão suficientes para que fiques?
Que joelhos deverei dobrar?
Não sei em que estado estou, mas sei
que posso ouvir-me daqui…
sei que posso ouvir minha própria prece, sei que posso escutar
meu próprio gemido de angústia e parecem ser séculos de amor…
Não pretendia sonhar que chegavas num cavalo branco ou
que trarias rosas vermelhas, muito menos que ajoelhar-te-ias aos meus pés…
mas aconteceu de ter tido esse sonho.

E amo-te assim para que o mundo acabe…
 23/10/2011
Anete Carvalho