segunda-feira, 14 de novembro de 2011

DECLARAÇÃO DE AMOR


Amo-te em desespero
para que o mundo acabe… para que não mais te veja ou toque…
Não resulta. Nunca resultou…
Aprisiono-me em nome de todas as coisas, em nome
deste bom senso ou coisa alguma…
Que importam as coisas quando posso ser poetisa,
quando posso amar tua pele entre estas lágrimas que matam?
Amo-te enlouquecida para poder ser tua lua… para poder ganhar um pedacinho
deste teu peito em aconchego…
Não! Em vão não amo…
Não podem os deuses deixar que tal amor fique em pune…
Não posso morrer sem ser tua lua, a metade de tudo quanto sejas tu…
Esmago tantos peitos… amarelo tantas folhas… finjo tantos amores…
Não que queira fingi-los.
Parece que te escondes dentro da alma, por entre o sangue,
nas entrelinhas da pele
ressurgindo quando pretendo gritar ao mundo que cativa não sou.
Pareces querer ser meu, aqui na imaginação, mas sei que doer custa-me a vida,
como sei que beijar teus lábios é recupera-la.
Porque é que voltas? Porque motivo inundas meus lençóis?
De que céu desces?
Pareces carregar todo o meu destino, todas as lágrimas e sorrisos e perco…
perco as forças, o compasso,
perco-me nestas sensações, neste querer sem medidas…
Rasgo o peito e choro…
choro por querer que fiques, choro por pedir que não venhas, choro
porque te vais embora… por não seres meu!
Que posso eu pedir? Que súplicas serão suficientes para que fiques?
Que joelhos deverei dobrar?
Não sei em que estado estou, mas sei
que posso ouvir-me daqui…
sei que posso ouvir minha própria prece, sei que posso escutar
meu próprio gemido de angústia e parecem ser séculos de amor…
Não pretendia sonhar que chegavas num cavalo branco ou
que trarias rosas vermelhas, muito menos que ajoelhar-te-ias aos meus pés…
mas aconteceu de ter tido esse sonho.

E amo-te assim para que o mundo acabe…
 23/10/2011
Anete Carvalho

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