Eu tenho um texto. Parece uma letra. Mas não daria uma música. Está nua de rimas. Podia ser um poema, então. Mas queria que fosse um soneto. Então deixo tudo de lado para escrever outras coisas. Coisas que não combinam, coisas coloridas como as crianças. Falando em crianças… fui pequena, numa noite dessas que passam sem que nos damos conta. Ela contou-me uma história que jamais esquecerei. Tinha luas e estrelas que não consegui contar, conhecia poucos números nessa noite. Misturava as cores e desconhecia palavras que pudessem ajudar-me a escrever agora. Mas tinha uma luz que circulava por entre as coisas… como se existissem vidas dentro da vida, como se ela contasse vidas coloridas. Foi então que acordei para ser mulher. Acordei com esta pele, com este aroma também. Não renasci, estas coisas não acontecem em noites assim. Apenas acordei. As dores não estavam curadas mas passaram a ser suportáveis… o nariz arrebitou ainda mais. E o ventre? Pari! Passei a saber que sabor tem a existência da vida, a essência do verdadeiro amor.
Voltando! Fui criança… foi assim que ganhei milhares de luas, sem saber quanto é um milhar, mas acreditando que posso conhecer o tamanho da lua e, mesmo assim, toca-la com os dedos. Eram luas amarelas, brancas, vermelhas, castanhas… luas de todas as cores, cores que só as crianças conhecem em forma de lua. Fui astronauta aos milhares, ganhando o céu para carregar no ventre, ganhando palavras que agora não sei utilizar mas que, um dia, saberei ensinar.
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